Páginas

"Vives novamente na carne para o burilamento do teu espírito." - Militão Pacheco

Seguidores

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

DOIS MUNDOS NUM MESMO MUNDO



O canal televisivo mostra bombas explodindo, mísseis sendo lançados e centenas de corpos pelo chão. Não se trata de um filme. São cenas reais e atuais.
A tristeza nos envolve, num misto de compaixão e de horror. Como pode o homem ser lobo do seu semelhante? Como pode usar de tanta maldade?
A um toque no controle remoto, alteramos a sintonia e outras imagens aparecem.
Em rodovia movimentada, carros transitam em velocidade, ocupando as três largas pistas. No meio disso tudo, um gatinho apavorado se desvia de um carro e de outro.
Alguns motoristas, ao vê-lo, desaceleram e desviam, a fim de não matá-lo. Mas, o animalzinho corre risco de morte a qualquer instante.
Então, na pista da direita, um caminhão estaciona, o motorista salta rápido e, num único e ousado lance, resgata o pequeno animal, levando-o para o seu veículo.
Logo mais, aparece uma localidade africana seca, poeirenta. Uma elefanta anda de um a outro lado, emitindo barridos fortes, como num pedido de socorro. Seu filhote caiu em um buraco e ela não o consegue retirar.
Ele chora e se move, sem conseguir sair. De repente, chegam dois homens, trazendo cordas.  Com extremo cuidado resgatam o filhote que, tão logo se vê liberto, corre para a mãe que o acaricia com sua tromba.
E, numa cena comovente, o bebê elefante, faminto, busca o leite materno para saciar a fome.
Em outro local, gélido, diferente resgate ocorre. Vários homens se esmeram para retirar de águas geladas um grande animal. Com as pernas congeladas, ele recebe massagem nas ancas, nas patas, até que demonstre possibilidade de se movimentar.
E, antes que se erga nas próprias patas, recebe um caloroso abraço de um dos seus salvadores, como a lhe dizer: Irmão, você está salvo!
E, quando as notícias começam a tecer o panorama nacional, uma tragédia é anunciada. Quatro pessoas de uma mesma família estão soterradas sob um edifício de quatro andares que ruiu.
Os bombeiros trabalham com afinco, as horas avançam, o cansaço os abraça, as forças parecem lhes faltar. Entre lágrimas, exclama um deles: Daqui não me afastarei até o resgate final.
Trinta e quatro horas passadas, é resgatada a menina de oito anos, depois o pai. Em seguida, o bebê de poucos meses. Esse apresenta problemas respiratórios e recebe massagem específica, no próprio local.
Finalmente, a mãe é retirada dos escombros. Enquanto a ambulância abre caminho pelas ruas, com sua sirene estridente, levando as quatro vidas preciosas, os bombeiros se unem numa grande corrente.
Braços entrelaçados, cabeças baixas, eles oram, em gratidão a Deus, pelo êxito alcançado.
Que religião professam? Que importa! Deus é um só. As religiões são caminhos para religar o ser ao Pai Celeste.
Todos oram, irmanados, filhos do mesmo Pai, ao Pai se dirigindo.
*   *   *
Ante quadros tão diversos, concluímos que, no abençoado planeta Terra, muitas criaturas ainda vivem o estado de guerra, de selvageria, de maldade.
Entretanto, um número bem mais expressivo já elegeu o amor como seu roteiro de vida.
São esses que se esmeram em conservar, resguardar, recuperar outras vidas, indo, muitas vezes, além do dever, convocando energias sobrehumanas.
E nós? A que categoria pertencemos? Estamos destruindo ou preservando vidas? Somos do bem?
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita. Em 15.9.2014.

ERNESTO CORTAZAR - Between roses and thorns
https://www.youtube.com/watch?v=U7JmGG0wyE4

terça-feira, 16 de setembro de 2014

ESCUDO CONTRA A DEPRESSÃO


As estatísticas mostram que um número significativo de pessoas sofre de depressão. E as vítimas são cada vez mais jovens, afirmam os especialistas.
Sofrer de depressão é muito mais do que se sentir triste por causa de algum problema. É não encontrar mais prazer em nada, não conseguir tomar decisões, perder a esperança e se tornar descrente de tudo.
Não haverá um amanhã é a tônica de muitos depressivos.
Enquanto a ciência trabalha para identificar as causas desse terrível mal, os que sofrem de depressão podem fazer algo para fortalecer a própria resistência.
Primeiro: tenha pensamentos otimistas. Ninguém nasce pessimista. Pensar de forma negativa é alguma coisa que se aprende e que pode ser esquecida.
Por isso, quando alguma coisa sair errada, não se ache incompetente. Pense que é apenas um caso isolado, que não deve ser generalizado.
Reconheça que você não é o único responsável por tudo. Lembre que tudo passa e amanhã tudo estará melhor. Quem sabe, daqui a pouco mude o panorama.
Você já percebeu como a natureza se apresenta chorosa, o céu com nuvens pesadas e escuras, e logo mais o sol brilha forte, o calor chega, as poças de lama secam e tudo está belo outra vez? Assim também é a vida.
Segundo: tente relaxar mais - trabalhe, mas programe o seu dia para ter seus momentos de descontração. Não deixe de ler algo positivo, edificante.
Ouça músicas que lhe acalmem o coração e os pensamentos. Saia para um passeio sem compromisso de ir a lugar algum. Dê uma volta na quadra. Vá até a praça olhar as crianças brincarem.
Deixe o sol lhe acariciar o rosto e o vento lhe desarrumar os cabelos. Vá para o jardim. Plante uma flor. Pode a roseira. Ajeite os galhos dos arbustos.
Frequente o teatro, uma boa roda de amigos, a praia e o campo, diversificando sempre, para não criar monotonia.
Afeiçoe-se a um trabalho no bem, auxiliando uma instituição, contribuindo e sentindo-se útil, responsável.
Terceiro: procure apoio social – quem sofre de depressão, tem a tendência a se fechar e a querer resolver tudo sozinho.
Por isso, converse com alguém em quem você confie. Alguém que seja capaz de avaliar seus problemas e ajudar você a resolvê-los.
Pode ser um amigo especial, um irmão de crença, um grupo de autoajuda.
Por vezes, o depressivo acha difícil até mesmo pensar em deixar suas quatro paredes. Entretanto, o esforço vale a pena.
Visite um templo religioso e confie-se a um diálogo fraterno. Ou, então, procure um profissional especializado para falar, desabafar e receber sugestões para levantar a sua autoestima.
*   *   *
Não se permita descer ao fundo do poço, nem cair aos últimos degraus da depressão.
Se árvores floridas, pessoas felizes e risos lhe causam inveja e o incomodam, comece a exercitar, desde agora, as regras do escudo contra a depressão.
A vida é preciosa demais para não ser vivida em totalidade. E vivê-la em totalidade é produzir coisas positivas, sentir-se feliz e fazer os outros felizes.
É contribuir para o bem-estar de alguém. É sentir-se responsável por uma criatura, uma planta, um vaso de flor, um animal, uma tarefa qualquer.
Afinal, todo o sentido da vida se resume no amor, pois todos fomos criados pelo Amor de Deus.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Como vencer a depressão, de Ursula Nuber, de Seleções Reader´s Digest, de setembro de 2001. Em 30.11.2013.

Ludovico Einaudi - Solo

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

ENCONTRO COM DEUS

Senhor, tantas foram as vezes em que meus olhos fitaram o céu, em busca de respostas.
Observei as dores do mundo e me perguntei onde Tua justiça, onde Tua bondade, onde Teu infinito amor.
Ainda assim, perguntei-me: Que és Tu? Onde habitas?
Porém, aquele dia havia de chegar. E chegou. E nós nos encontramos.
O hospital estava especialmente frio naquela noite de outono.
Eu fazia minhas rondas, acompanhando o quadro de cada paciente pelo qual eu, enquanto médico, era responsável.
Fui, então, surpreendido pela mãe de um dos meus pacientes, que, desesperada, gritava meu nome.
Seu filho, contando sete anos à época, estava tendo crises seguidas de convulsão. Seu corpo frágil, tomado pelo câncer, debatia-se sobre a maca.
Após estabilizá-lo e, levando-se em conta meus quarenta anos na área da oncologia, sabia que a morte não tardaria a chegar para aquele frágil menino.
Todavia, algo inusitado aconteceu: talvez porque tenha me lembrado de meu neto, saudável e feliz, lágrimas começaram a brotar incessantes de meus olhos e, mesmo muito me esforçando, não pude contê-las.
Segurei a mão daquela criança e, amparado pela mãezinha que agora compartilhava as lágrimas comigo, senti a pulsação dele ir tornando-se cada vez mais fraca, até cessar completamente.
Imediatamente, comecei a pensar em palavras de conforto para aliviar o coração daquela mãe que acabara de perder seu filho. Porém, as grossas lágrimas que rolavam pela minha face não me permitiam consolar alguém.
E quão espantado fiquei quando aquela senhora, enxugando as suas próprias lágrimas, abraçou-me e disse: Não chore, doutor. Deus quis que meu filho não sofresse mais.
Deus sempre age em nosso favor, prosseguiu a senhora. Nós é que, egoístas, muitas vezes não somos capazes de enxergar a Sua misericórdia em tudo o que nos cerca, mesmo quando sofremos.
Confuso, não consegui acompanhar o raciocínio daquela sábia mulher: Como podemos encontrar misericórdia no sofrimento?
E ela, como lendo os meus pensamentos, asseverou: Deus é como um pai que trata de seu filho doente: permite que o rebento tome o remédio, embora amargo, mas que trará alívio e cura para o corpo enfermo.
Deus permite que tomemos o remédio amargo do sofrimento, a fim de que curemos nosso Espírito de todo mal que, porventura, possa ainda nele existir.
*   *   *
Na resposta tão simples daquela senhora, eu Te encontrei.
Naquela maca, não estava apenas o filho da resignada mulher. Todas as dores do mundo, pelas quais também eu chorava, estavam ali representadas.
Enquanto eu via injustiça e dor, ela via oportunidade e regeneração. Enquanto eu perdia um paciente para a morte, ela entregava um filho para a vida. Eu via o fim. Ela, o começo.
*   *   *
Deus em tudo se revela. Baixemos a guarda de nosso orgulho, de nosso materialismo, de nosso egoísmo a fim de o percebermos.
No verde das florestas, no canto dos pássaros, nos que sofrem, nos que riem e dentro de nós... Lá Ele está!
Pensemos nisso!

Redação do Momento Espírita. Em 16.9.2013.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...